O Atlético-MG prevê jogar na Arena MRV a partir do segundo semestre deste ano, enfim. Por isso, o Galo recebe o Palmeiras neste domingo (26), às 18h30, talvez pela última vez no Mineirão. O jogo é válido pela oitava rodada do Brasileirão.
O sonho do estádio próprio do Atlético-MG começou a tomar forma há quase dez anos, em 2014, com o encaminhamento do projeto à Prefeitura de Belo Horizonte. Em setembro de 2017, o conselho do clube aprovou o modelo de construção da arena, e as licenças municipais necessárias foram obtidas entre 2018 e 2019, até o início das obras em 20 de abril de 2020.
Neste período de avaliações, duas outras arenas serviram de modelo para o Atlético-MG: a Neo Química Arena, do Corinthians, e o Allianz Parque, do Palmeiras. Então, o Galo viu que precisava fugir dos juros, até hoje um grande problema corintiano, e ter uma relação boa com a construtora, algo que o Palmeiras não teve com a WTorre.
Arena MRV, Neo Química Arena e Allianz Parque têm modelos de negócios completamente diferentes.
Arena MRV
O Atlético-MG usou recursos próprios para a construção e é detentor de 100% do estádio que terá capacidade para 46 mil torcedores. O projeto foi aprovado em 2017, e as obras tiveram início em 20 de abril de 2020. Atualmente, o clube prevê um custo total de quase R$ 900 milhões.
O primeiro passo foi a venda de 50,1% do DiamondMall para a Multiplan por R$ 350 milhões. O Atlético-MG tinha 100% do shopping, construído em seu antigo estádio.
Os mecenas na retaguarda do Galo tiveram papel fundamental. O empresário Rubens Menin, fundador da MRV Engenharia, doou o terreno avaliado em R$ 50 milhões. O também empresário Ricardo Guimarães fez empréstimos ao clube.
Com o projeto aprovado, o Atlético-MG vendeu os naming rights de dez anos para a MRV por R$ 60 milhões. Outros R$ 170 milhões vêm da venda de 9 mil cadeiras cativas e 112 espaços vips no estádio por 15 anos.
A arena do Galo tinha um custo estimado em R$ 650 milhões. O valor aumentou para quase R$ 900 milhões em razão das contrapartidas ambientais e sociais exigidas pela Prefeitura de Belo Horizonte para a aprovação da obra. A expectativa da diretoria é pagar o restante do financiamento com as receitas do estádio até 2029.
Neo Química Arena
O Corinthians fechou em 2013 um financiamento de R$ 400 milhões para a construção do estádio, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014. A ideia do clube era pagar a dívida com a arrecadação de bilheteria dos jogos e com a venda dos naming rights.
Na prática, porém, a dívida só aumentou. O Corinthians não achou um comprador para o nome da arena, e o valor inicial teve correções de juros. O clube, então, interrompeu o pagamento à Caixa Econômica Federal em 2016.
As partes chegaram a um novo acordo apenas em julho de 2022. O Corinthians já havia pagado R$ 165 milhões ao banco, mas ainda devia R$ 611 milhões. O clube retomou os pagamentos neste ano e tem o prazo de até dezembro de 2041 para quitar toda a dívida.
Em 2020, o Corinthians conseguiu o acordo pelos naming rights com a Hypera Pharma: R$ 300 milhões por 20 anos do estádio batizado de Neo Química Arena. O valor será pago ao longo desses 20 anos e repassado à Caixa.
Antes do acordo com a Caixa, o Corinthians já havia se acertado com a Odebrecht, construtora responsável pela obra do estádio. O clube usou R$ 420 milhões recebidos dos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs), incentivos dados pela Prefeitura de São Paulo por conta dos benefícios gerados à zona leste com o estádio que tem capacidade para 49 mil pessoas.
Allianz Parque
O modelo de negócio da reforma do estádio do Palmeiras é muito mais simples em relação à Arena MRV e à Neo Química Arena. Isso porque a WTorre foi a responsável pelo investimento de R$ 630 milhões em troca da exploração do estádio por 30 anos, entre 2014 e 2044.
A empreiteira fica, por exemplo, com quase a totalidade dos R$ 300 milhões pagos pela Allianz pelos naming rights por 20 anos. A empresa alemã paga R$ 15 milhões por ano. Desse valor, o Palmeiras tinha direito a 5% nos primeiros cinco anos, sendo que a fatia aumenta 5% a cada cinco anos. Hoje, portanto, está em 10%.
A conta é igual em relação às outras arrecadações do estádio, como a venda de camarotes e cadeiras. A WTorre ficava com 95% inicialmente, sendo que a cada cinco anos o Palmeiras aumenta sua fatia em 5%.
Em dia de jogos, o Palmeiras é dono dos 100% da bilheteria. Em shows e eventos, o clube começou com 20% da renda, fatia que também aumenta em 5% a cada cinco anos.
A relação entre Palmeiras e WTorre já foi abalada por algumas divergências, principalmente sobre a divisão das cadeiras e a precificação dos ingressos do Avanti, programa de sócio-torcedor do clube. Neste momento, há duas polêmicas entre as partes: o clube cobra R$ 127 milhões por receitas que não teriam sido repassadas, e a empresa não aceitou usar biometria facial para o acesso aos seus setores do estádio em dia de jogos.
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