O empate contra o RedBull Bragantino no último sábado foi um duro golpe para nós atleticanos. Além do resultado frustrante, o técnico Eduardo Coudet perdeu as estribeiras e comunicou sua saída do clube aos jogadores e funcionários no vestiário, alegando que a diretoria não cumpriu suas promessas. E essa não é a primeira vez que Coudet ameaça deixar o cargo por insatisfação com a gestão do clube.
Todos se lembram que após a derrota contra o Libertad, pela fase de grupos da Libertadores, Coudet também ficou revoltado e colocou seu cargo à disposição da diretoria. Porém, o que o manteve no Atlético foi a multa rescisória gigantesca proposta pela diretoria, no valor de 30 milhões de reais. A falta de recursos financeiros impediu que a diretoria demitisse Coudet naquela ocasião, porém, dessa vez não teve volta.
Mas sem entrar no mérito quanto ao caráter do treinador, é necessário observarmos que esses episódios revelam uma realidade preocupante para nós torcedores, que amamos verdadeiramente o clube: a diretoria do Atlético agiu de forma amadora e planejou a temporada de maneira equivocada.
A contratação de Coudet já demonstrou falhas desde o início, com promessas de jogadores de renome, como Gilberto, lateral direito atualmente no Benfica, e Felipe, zagueiro que na época jogava no Atlético de Madrid. Porém, esses jogadores não foram contratados e o clube teve que se contentar com opções mais modestas, o que revoltou o treinador argentino.
Além disso, o Galo o sofreu perdas significativas em seu elenco. Jogadores como Nacho, Keno, Júnior Alonso, Jair e, mais recentemente, Allan, sem duvidas o melhor volante do Brasil, deixaram o clube. O pior é que Allan reforçará um rival direto nas campeonatos. E para reposição? Ninguém a altura desses.
A falta de planejamento da diretoria fica ainda mais evidente com as notícias de bastidores e a falta de transparência. Atrasos nos salários, acumulação de dívidas e a falta de esclarecimentos por parte dos dirigentes só aumentam a insatisfação dos torcedores. Em nenhum momento, a diretoria se pronunciou para tranquilizar os torcedores ou apresentar perspectivas de melhora no elenco com algum investimento.
O trabalho de Coudet parecia finalmente ganhar uma identidade e encaixe no time, mas infelizmente chegou ao fim. Agora, resta um vazio e uma incerteza ainda maior sobre o futuro do Galo. O mercado de treinadores é escasso, com poucas opções de qualidade, e o clube parece não ter recursos para investir em um treinador de ponta ou jogadores que realmente fortaleçam o elenco.
É triste constatar que, no ano da inauguração da Arena MRV, disputar um título importante parece uma realidade distante para nós. O Galo, comparado com os principais clubes do cenário brasileiro nos últimos anos, visivelmente está em um nível de competitive menor e por conta disso, para não passarmos vergonha no ano, para nós restará é nos contentar com uma vaga Libertadores do próximo ano – que por sinal só vamos conquistá-la com muito suor, devido ao fato desse time ser extremamente limitado.
É frustrante ver um clube que acabou de ser multicampeão se desfazer do projeto assim, do dia para noite. A falta de investimentos em jogadores de qualidade e a perda de peças importantes do elenco enfraqueceram nossa equipe e não sentimos nem mesmo mais o sabor de entrarmos favoritos em alguma competição. Sem contar os problemas financeiros e a falta de transparência da diretoria, que minam a confiança da massa.
E para piorar o cenário, agora temos que lidar com a incerteza sobre quem será o próximo treinador, o que só aumenta a nossa preocupação. Com um mercado escasso e sem recursos para contratações expressivas, é difícil imaginar uma reviravolta positiva no desempenho do time. A perspectiva de disputar títulos importantes parece cada vez mais distante.
O ano da inauguração da Arena MRV deveria ser um marco para o Atlético Mineiro, uma oportunidade de demonstrar ambição e competitividade. No entanto, estamos ficando para trás em comparação com outros clubes que têm feito investimentos sólidos e planejados.
Para nós, torcedores, nos resta apenas “parabenizar” os envolvidos pela falta de planejamento e nos agarrar em algum fio de esperança de que tudo isso vai passar. Já enfrentamos situações muito piores e o nosso amor ao Atlético manteve esse clube vivo por diversas vezes. Nós, torcida, somos o maior patrimônio desse clube e pelo o que parece, o sucesso mais uma vez dependerá de nós para um dia voltar a acontecer.
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