Domingo a espera da Arena MRV vai acabar. Um sonho vai se realizar. Muitos clubes do Brasil já têm esse privilégio, e outros tantos ainda não, e pode acreditar, os que não possuem sonham com isso, ter sua própria casa, seu alçapão, criar seu clima, seu ambiente, sua mítica, seu apelido… Domingo será a nossa vez. Com orgulho poderemos dizer que o Galo tem uma casa, um cantinho pra chamar de seu, e que cantinho!
Moderno, lindo, boa localização, tem lá aquela situação do ponto cego ou não, mas enfim, um orgulho para todo torcedor. Tenho certeza que muitos irão se emocionar, quem ama o Galo sabe do que estou falando, sabe do orgulho do coração de um atleticano, sabe da emoção que cada torcedor está sentindo.
Me lembro que desde criança eu ficava pensando nisso, quando fazia meus campeonatos de futebol de botão, dos quais algumas vezes tal como um Wright a favor do Flamengo, favorecia o Galo em alguns lances capitais, ainda mais ali em meados da década de 1990, anos em que vivíamos sofrendo com elencos limitados. Se na realidade a luta era quase sempre do meio da tabela para baixo, nos meus campos riscados de lápis no cantinho do quarto o Galo sempre estava na luta, coisas de torcedor apaixonado, bairrista e um pouco de má vontade contra os adversários.
Na minha imaginação de criança o Galo já tinha um estádio que eu o chamava de José Reinaldo Lima, mais conhecido como Rinhado Galo. Tinha uma birra enorme daquelas redes do Mineirão, preferia o estádio e as redes que estavam na minha fértil imaginação. 25, 30 anos depois não precisarei mais imaginar, estarei pisando no estádio do Galo, estarei pisando em nosso estádio! Sim, nosso pois sou daqueles que se sentem parte do time.
Todo torcedor deve se lembrar da primeira vez que foi ver seu time em ação. Não me lembro o dia nem o mês, poderia até pesquisar na internet mas estou com preguiça. O que me lembro é do placar e do primeiro gol que visualizei: gol de Aílton em um clássico contra o Cruzeiro que vencemos por 2 x 0 pelo campeonato mineiro de 1991. De lá para cá perdi a conta de quantas vezes fui ao Mineirão, Independência e na Arena do Jacaré. Sim, sou um torcedor caseiro, é mais confortável, sabem como é.
Domingo estarei lá, participando desse momento que espero que seja um marco na história atleticana. Tenho lido alguns torcedores e ouvido alguns dizendo que tinha que trazer um time de fora e blá, blá, blá… acho bobagem, o ideal é o que vai ser feito mesmo. Inaugurar contra o Santos, que mesmo não estando na sua melhor fase, como se pudéssemos falar isso, é um gigante do futebol brasileiro, no campeonato nacional que todos os anos alimenta os nossos sonhos e é certamente um dos mais disputados do mundo, apesar do Botafogo esse ano não estar sabendo brincar.
Talvez eu irei me esquecer da data desse dia, mas certamente não esquecerei do jogo, e espero que o primeiro gol seja do Galo, não quero que um jogador adversário inaugure nossas redes em um jogo oficial e eu termine o jogo cantarolando que “O Galo é o time da virada, o Galo é o time do amor”.
Espero sim que os jogadores, apesar de toda essa morbidez que estão jogando, possam dar um sanguinho a mais no jogo de domingo,aliás, que também possam dar um pouquinho a mais no que resta do campeonato, claro. Já deixei de tentar entender o que está acontecendo com esse elenco e com alguns jogadores, apenas espero que a inauguração da nova casa possa ser uma injeção de ânimo.
Podiam captar um pouco da energia do torcedor para entender que esse é um momento histórico. Ainda sonho que podemos alcançar a Libertadores, embora as circunstâncias apontem para o contrário. No segundo turno alguns times sempre evoluem com reforços e até em termos de entrosamento e regularidade, o que definitivamente não foi o nosso caso. Pelo jeito vamos nos apegar na fé porque até raça está faltando a grande maioria dos jogadores.
Então vamos aguardar que domingo possamos comemorar a primeira vitória em nossa casa, de muitas que virão. Sonhar com grandes jogos e títulos, com grandes atuações, novos ídolos, novas histórias, lances e belos gols a relatar. Que possamos fazer da nossa casa uma grande aliada para as conquistas que virão, a “Rinha do Galo” sonhada por aquela criança magricela lá em meados da década de 90. E dá-lhe Galo!
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