Opinião: Galo: Quando nada dá certo, no que se apegar?

Atlético Galo
Foto: Pedro Souza/Atlético

O ano de 2022 foi frustrante, extremamente frustrante.

Após um ano repleto de conquistas, vitórias e glórias, um ano que selou o fim de um jejum de meio século sem vencer o Campeonato Brasileiro, trazendo para a história do Galo, capítulos e personagens inesquecíveis, que sempre estarão na memória e no coração de cada torcedor atleticano, 2022 veio e se encerrou como uma mera desilusão. Uma Supercopa do Brasil e um Campeonato Mineiro de saldo. Turco Mohammed não deu liga, e numa tentativa de salvar o ano, Cuca, o maior treinador da história do clube volta, e também nada funciona.

2023 iniciou e com ele veio a enorme expectativa da inauguração da tão sonhada Arena MRV, porém, acompanhado da seguinte dúvida: o que fazer para vencer a frustração do ano anterior e voltar ao nível de competição das duas temporadas anteriores? Segundo a diretoria, a reformulação poderia ser a grande resposta.

Saíram Cuca, Keno, Jair, Júnior Alonso, Eduardo Sasha, Nacho Fernandez, Nathan, Guga, dentre tantos outros, que o último a sair, que feche a porta. E olha que nem foi citada a saída de Allan. Como principais reposições, Bruno Fuchs, Patrick, Edenilson, Paulinho, Igor Gomes, Saravia, Maurício Lemos, etc, além da contratação do bom treinador Eduardo Coudet.

Diante de tantas mudanças, em campo, honestamente, as expectativas nunca foram tão altas. Durante o Campeonato Mineiro, o time não fez mais que duas boas partidas contra equipes inferiores do interior, mas isso foi o suficiente para levar o título.

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Foto: Reprodução/Atlético

Na Libertadores, após conseguir chegar a fase de grupo sem grandes problemas, o time teve um início terrível, com duas derrotas seguidas, sendo a mais dolorosa contra o Libertad, em pleno Mineirão. Derrota que por sinal escancarou uma crise interna pesada entre o então treinador da equipe Eduardo Coudet, com a direção do clube, que me desculpe, pareceu amadora ao formular seu contrato.

Alguns jogos passaram, a equipe foi evoluindo. Alguns jogadores cresceram de produção, o resultado finalmente começou a aparecer, até que veio o grande tropeço: a eliminação precoce contra o Corinthians, após uma boa vantagem de 2 gols construída no primeiro jogo. A partir dali, o treinador argentino não aguentava mais e não demorou 1 mês para demonstrar novamente sua insatisfação e sair de vez do comando.

Para solucionar e salvar um ano que já estava praticamente perdido, quem veio? Ele, aquele que foi o último treinador que conseguiu conduzir o futebol brasileiro; aquele que conduziu Portugal a ótimas campanhas na Eurocopa e na Copa do Mundo; aquele que teve passagem em gigantes da Europa; aquele que, no Brasil, foi um super campeão, com um currículo de títulos invejável, consagrado, e que um dia foi acostumado a ter trabalhos repletos de glórias. Ele, Luiz Felipe Scolari, o Felipão.

Ok, é fato que sua carreira é vitoriosa, mas apesar disso, não é incontestável. Não digo apenas pelo 7×1, o qual ele era o treinador, mas pela ausência de bons trabalhos recentes ao longo dos últimos anos.

Talvez argumente-se sobre o trabalho anterior, pelo Athlético Parananese, que conduziu o clube para a final de uma Libertadores, mas não sei se um recorte de 6 meses bons é o suficiente em todos os casos para dizer que determinado treinador ainda seja bom ou não. Principalmente quando se trata de elencos tão diferentes, com jogadores com características tão distintas, como é o caso.

Enfim, a realidade é que o time não vence há 8 jogos, Felipão não sabe o que é ganhar uma partida desde que assumiu o comando, a equipe não marca gols há 3 jogos e praticamente todos os jogadores, caíram de rendimento.

Além disso, o rendimento em campo é triste. Você vê algumas equipes tendo sequências ruins sem vitórias, porém, com um desempenho satisfatório, que dá uma esperança que as coisas uma hora vão melhorar e que o time em algum momento vai evoluir. Com o Galo, mal temos tido lampejos disso.

Provavelmente, ao lado do Vasco, o Atlético desempenha hoje o pior futebol da Série A, sem repertório, sem inspiração e sem perspectiva. Infelizmente, a impressão que dá é que as coisas não têm prazo para avançar, e se os reforços não vierem (e não devem vir), a tendência é que a nossa real briga nesse ano é contra o rebaixamento.

Se 2022 foi frustrante, eu não faço mais ideia do que dizer de 2023.

Tá certo que contra o Grêmio o time enfim apresentou uma melhora, jogou bem e mereceu um resultado muito melhor, mas sejamos racionais, a derrota só confirmou ainda mais a péssima fase em que vivemos, pois até mesmo aquilo que dá certo, tem dado errado para nós. E se isso não fizer sentido para você, é só lembrar do gol anulado de Alan Kardec, que poderia nos colocar de volta para a partida.

A situação é difícil, desanimadora, nada empolgante. Com tudo dando errado, é difícil imaginar que as coisas evoluam, principalmente quando olhamos na tabela e observamos os próximos confrontos: Flamengo (c), Palmeiras (c), São Paulo (f) e Palmeiras (f). Se está ruim, pode piorar.

Mas, se servir de consolo, não há nada perdido também. Racionalmente, não há absolutamente nada que o torcedor atleticano possa se apegar. Nada. Porém, não somos torcedores de um time qualquer, nós torcemos pelo Galo, um time que vai totalmente na contramão das expectativas contrárias, e que nos últimos anos acostumou o torcedor a acreditar até o fim, mesmo que as circunstâncias sejam negativas e desfavoráveis.

Já não sabemos mais o que é figurarmos entre os favoritos, mas sabemos quem somos, por quem torcemos e tudo o que já vivemos e se for necessário, vamos juntos torcer até mesmo contra o vento.

Por isso, nesse contexto atual, a única coisa em que a torcida do Galo realmente pode se apegar para contornar o péssimo momento é na força dela mesma.

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