Opinião: Galo – Libertadores ou fuga do rebaixamento: Qual é a nossa luta?

Libertadores - Atlético

Após 8 meses e 15 dias de um ano repleto de expectativas frustradas e anseios não correspondidos, nós, torcedores que amamos o Clube Atlético Mineiro, não podemos deixar de encarar a realidade de maneira crítica e realista.

A pergunta que nos surge neste momento é: no contexto atual, ainda é sensato sonharmos com uma vaga Libertadores, ou a nossa luta é contra o rebaixamento?

Libertadores - Jogo do Galo - Atlético/Galo Libertadores
Foto: Pedro Souza/Atlético

Os altos e baixos nesta temporada tem sido constantes, apontando para nós uma irregularidade que insiste em permanecer em nosso clube ao longo do ano. O brilho das poucas vitórias consecutivas rapidamente foi ofuscado pelas derrotas sem explicação, que dia após dia nos deixou o gosto amargo em nosso paladar, causado pela falta de constância do time.

O campeonato é longo, ainda falta um turno inteiro pela frente, o time vem de uma leve boa sequência de resultados, mas será que este pequeno recorte é o suficiente para nos trazer a ambição de um lugar na Libertadores do próximo ano? Se analisarmos friamente a tabela, percebemos que a distância que nos separa das primeiras posições não é lá grandes coisas, sendo de apenas 5 pontos.

Levando em conta que o Campeonato Brasileiro dispõe de 6 vagas e que os campeões da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana podem estar nesse bolo, nos sobra motivos para acreditarmos que é possível a classificação. Entretanto, quando olhamos para a concorrência, percebemos que o caminho a seguirmos pode – e provavelmente será – muito mais árduo do que parece.

Digo isso, pois dessas 6 (e possíveis 8 vagas), pelo menos 4 já estão praticamente garantidas (Botafogo, Grêmio, Palmeiras e Flamengo, respectivamente), sendo o restante disputadas por clubes bem montados para a temporada, como Bragantino, Fluminense, São Paulo e Athletico Paranaense, bem como possíveis surpresas como Fortaleza, Cuiabá, Corinthians, e porque não, América/MG.

O nosso elenco, apesar de alguns poucos talentos individuais, tem demonstrado lacunas, que de forma alguma podem ser ignoradas. A primeira, na defesa. Nos últimos jogos, o goleiro Everson tem sido alvo de críticas da torcida e seu desempenho já não tem sido unânime mais por parte da massa. Na zaga, Igor Rabello que estava em ótima sequência, e apesar da má fase do time, era um dos poucos destaques positivos da equipe, sofreu novamente com lesão e está fora por tempo indeterminado, deixando o setor, que tem sido um dos grandes pontos fracos do elenco durante todo o ano, desfalcado e a mercê da boa fase de jogadores que em momento algum demonstrou um desempenho satisfatório.

Do meio campo ao ataque, um enorme buraco. É verdade que Battaglia merece elogios, mas quanto aos demais, uma completa incerteza e hoje todos esses são substituíveis. Já na parte ofensiva, Hulk é um grande craque e Pavon se consolidou como peça importante, porém, ao que tudo indica, fica por aí mesmo.

Paulinho, apesar dos bons números, na minha opinião, tem deixado todos os sinais de que não é um jogador confiável. A péssima finalização e a pouca produtividade fora da área fez deste jogador de “indispensável” a “questionável”, sendo impossível contar com ele nos momentos mais decisivos nesse final de ano.

A ilusão de que o tempo está a nosso favor e a qualquer tempo o time se encaixa precisa ser confrontada. O campeonato já está na metade e as rodadas finais se aproximam, o que dificulta qualquer reação.

O futebol não é um conto de fadas, onde tudo se resolve com um final feliz. A trajetória rumo à Libertadores exige uma autoavaliação crua e ações concretas para corrigir as deficiências que nos têm afligido e se queremos almejar alguma coisa nesse frustrante ano, agora é o momento de embalar e não oscilar mais.

Não é um tom de pessimismo, mas sim um apelo à lucidez, tanto por parte da torcida, quanto por parte da Diretoria, que durante todo o ano se contentou a apelar pelo velho “pão e circo” e se omitiu nos momentos mais delicados.

Quem ama esse clube verdadeiramente somos nós e não podemos deixar que a cegueira nos afaste da realidade. Ainda há tempo sim para sonhar com vaga na Libertadores, porém, diante das circunstâncias atuais, a nossa primeira luta é contra o rebaixamento. Após conquistarmos os sonhados 45 pontos, aí sim colocaremos os pés no chão e almejaremos aquilo que realmente merecemos.

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