Opinião: Galo: Precisamos falar sobre o Paulinho

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Foto: Pedro Souza / Atlético

Como torcedores do Galo que somos, é inevitável para nós não termos uma opinião mais crítica e emocionada sobre o nosso atacante Paulinho, até porque este chegou ao clube com a expectativa de ser o principal reforço da temporada e dividir o protagonismo com nosso maior ídolo dos últimos anos Hulk.

Inicialmente, de fato, Paulinho mostrou suas credenciais para a torcida no Campeonato Mineiro e na Pré-Libertadores. De cara já chegou dividindo esse protagonismo que esperávamos com o craque do time, mostrou boas características, como um ótimo posicionamento, capacidade de construir e finalizar jogadas, inteligência acima da média em campo e força para se impor contra os adversários. O resultado disso? Foram 6 gols e 6 assistências em 15 jogos, uma excelente média de 0,8 participações em gols por jogo.

Porém, nos últimos jogos, esse mesmo jogador que tanto agradava a torcida, tem deixado a desejar. E muito! No último jogo, contra o Athlético Paranaense, o atacante alvinegro perdeu pelo menos 2 gols que um jogador de grande nível não perderia, além de nas últimas partidas ter cometido erros básicos, referentes a recursos simples de qualquer jogador, sendo assim até mesmo um grande empecilho para a própria equipe na construção e conclusão de jogadas. Infelizmente, tais erros, que tem sido repetitivos demais ultimamente, simplesmente tirou a paciência da torcida, que hoje já não o vê mais como uma unanimidade.

Mas, diante desse cenário, o que fazer? O que podemos esperar de Paulinho? Vale a pena ter um pouco mais de paciência com esse jogador, ou de imediato é melhor desistirmos, pois em 5 meses ele já ofereceu tudo o que tinha de oferecer para o clube? Bom, a resposta para esses questionamentos está muito longe de ser simples e a própria carreira de Paulinho nos mostra o porquê.

Paulinho iniciou sua carreira no Vasco e fez história por lá. Em 2017, em partida contra o Galo, no Independência, Paulinho fez dois gols e deu a vitória ao seu clube, sendo o primeiro jogador nascido depois do ano de 2000 a marcar um gol na Série A. Apesar ter feito 5 gols e 3 assistências em 27 jogos em sua passagem pelo Vasco, Paulinho deixou saudades na torcida vascaína, por suas boas exibições e pelo grande potencial apresentado durante os jogos, que o gabaritou a uma transferência já no seu segundo ano ao Bayer Leverkusen, da Bundesliga.

Embora seu começo em território nacional tenha sido promissor, na Europa, Paulinho nunca se firmou. Pelo Bayer Leverkusen, Paulinho não teve muita sequência e não esteve perto de conseguir um lugar de destaque no time. O jogador, além de não ter se adaptado a uma liga de altíssimo nível, também sofreu muito com lesões, tendo ficado longe dos gramados por 8 meses, devido a um grave rompimento no ligamento do joelho. Por fim, o time alemão resolveu liberar o jogador sem grande resistência, após o atleta ter feito 79 jogos oficiais, 9 gols e 5 assistências,

Paulinho também teve passagem pelas seleções de base, a qual também guardou bons números, tendo um destaque positivo no time, que posteriormente foi campeão olímpico em 2021.

Diante desse histórico, de altos e baixos em sua trajetória, fica claro que Paulinho não é um jogador sem talento e “cabeça de bagre”, como muitos torcedores tem tratado, entretanto, nada nos indica também que ele seja ou venha se tornar um craque absoluto e inquestionável. Logo, a expectativa em cima de jogadores assim deve ser moderada, uma vez que é necessário esperarmos e respeitarmos o período totalmente normal de adaptação ao futebol brasileiro e também do novo estilo de jogo do Galo dirigido por Coudet, que por sinal ainda não deu a liga que acreditávamos de início.

Além disso, é importante lembrarmos que apesar das más exibições nos últimos jogos, o Paulinho não é o maior problema do time atualmente. Está evidenciado a todos, desde o início do ano, o fato que o clube está carente em praticamente todas as posições e que com a falta de reposições a altura, dificilmente conseguiremos ser competitivos.

É muito complicado e até injusto exigir que um jogador demonstre todo o seu potencial em uma equipe, que devido a um planejamento ruim de início, depende totalmente da individualidade de alguns de seus jogadores (leia-se Hulk) e que já no início do ano sentiu grandes dificuldades para derrotar os times mais fracos do interior do estado.

Por isso, como torcedores que somos, creio que não devemos colocar a nossa esperança em Paulinho, porém não devemos crucificá-lo assim e nem devemos agir sem falta de paciência. O time hoje precisa de praticamente tudo para voltar a ser forte, principalmente internamente, por isso, nem Paulinho, Vargas (outro jogador criticadíssimo) ou qualquer atleta devem ser pegos de bode expiatório, pois não são eles o nosso maior inimigo hoje.

A instituição, por meio de seus dirigentes, primeiramente deve se organizar, colocar a casa em dia e trazer o clima necessário para conquistas de volta, até porque somente assim qualquer atleta poderá desempenhar o seu melhor e poderemos colher os frutos de um trabalho de fato competente e sustentável que tanto nos prometeram nos últimos anos.

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