Imagem: Gilvan de Souza/ Flamengo

Por que os amistosos da Data FIFA vão importar para o Brasil

A seleção sempre foi motivo de orgulho, mas faz tempo que o torcedor brasileiro não comemora um grande time, com grandes vitórias. Agora, com um técnico vitorioso e uma Copa do Mundo se aproximando, dá pra voltar a sonhar. Por enquanto, o foco são dois amistosos contra Senegal e Tunísia que, mesmo sem valer pontos, parecem pequenos pedaços de algo maior.

O nome de Carlo Ancelotti paira sobre tudo. Ele nem é o tipo de treinador que fala alto e talvez esse seja justamente o segredo. Desde o fracasso no Catar, o Brasil andava inquieto, precisando de alguém que diminuísse o ritmo, que tirasse o peso de cada toque. Ancelotti faz isso em silêncio. Os jogadores o ouvem porque sabem quem ele é: um técnico que já viu de tudo, venceu de tudo pelo menos em nível de clubes, por enquanto.

Suas marcas já começam a aparecer. O time segura mais a bola, arrisca menos, parece mais paciente do que aquele que jogava sob o comando de Tite. A ideia não é mais vencer por 5 a 0, embora isso sempre agrade, e sim vencer do jeito certo. Contra Senegal e Tunísia, essa paciência será colocada à prova. Não são adversários fáceis seleções africanas que jogam com ritmo, marcam alto, não recuam quando o Brasil tenta dançar.

A vez de Rodrygo

Rodrygo é aquele tipo de jogador que você só percebe quando tudo ao redor começa a funcionar. Não tem a explosão de Vinícius nem o drama de Neymar, mas quem acompanha sabe que pode confiar nele e também sabe que, mesmo jogando com o código promocional Betclic, ele pode decidir com um gol. Sob o comando de Ancelotti no Real Madrid, ele aprendeu a se mover entre funções: ponta, falso nove, articulador. É exatamente o que o Brasil precisa. Ele liga o meio ao ataque, traz calma onde outros trazem pressa e tem um senso de tempo que mantém o jogo vivo, sem forçar a jogada. Esses amistosos são a chance de sair da sombra e mostrar que é mais do que um coadjuvante. Mesmo agora, sob Alonso, recebendo menos minutos em campo, os amistosos serão uma boa oportunidade para lembrar por que ele é jogador de nível mundial.

A tempestade de Vinícius

Se há um jogador que define o que este Brasil pode ser, é Vinícius Júnior. É impossível falar dele sem falar de energia. Ele joga com calor, intensidade cada arrancada parece pessoal. Sob Ancelotti no Madrid, aprendeu a pausar, a escolher o momento em vez de persegui-lo. O problema é que nunca se sabe qual versão vai aparecer: o Vinícius que se irrita e briga ou o Vinícius que vence partidas. Dá pra imaginá-lo contra a defesa de Senegal — esperando, provocando, sumindo num corte. É o tipo de jogada que não precisa de passe nem de plano. O Brasil costumava ter vários jogadores assim. Agora, é ele.

Algo sendo construído, em silêncio

Esses dois jogos não vão contar toda a história, mas podem mostrar se essa nova calma é verdadeira. O Brasil não perdeu o brilho só está tentando usá-lo de um jeito melhor. Ancelotti está ensinando o time a pensar antes de se exibir, a dominar pelo ritmo e não pelo truque. É um novo tipo de samba, um samba com cadência de controle. Se der certo, olharemos para esses amistosos não como aquecimento, mas como o momento em que o Brasil parou de perseguir o passado e começou a construir o que vem pela frente.