Será o futebol brasileiro o próximo alvo dos grandes investidores estrangeiros?

Os clubes de futebol são instituições amadas por milhões de pessoas em todo o planeta, e atraem cada vez mais o interesse de empresas e grupos de investidores em diversos países do mundo.

Como tal, podem ser considerados ativos únicos, adequados para funcionar como canais de comunicação e plataformas de mídia. Não apenas transmitem informações sobre as realizações e atividades da equipe para a torcida e os fãs, mas também podem transmitir as mensagens de parceiros comerciais e patrocinadores de uma maneira eficaz, chamativa e autêntica.

Existem diferentes arquétipos de proprietários de clubes de futebol, desde empresários locais ou grupos de torcedores, até magnatas estrangeiros ou firmas privadas. Os compradores de clubes de futebol são incomparáveis em sua variedade de tipos e nas razões que os motivam. E os clubes de futebol brasileiros têm sido cada vez mais visados por esses investidores.

Países, empresas ou indivíduos podem melhorar a imagem pública de sua marca através da aquisição de um clube de futebol. Os investimentos recentes de grandes patrocinadores no futebol europeu foram principalmente impulsionados pela motivação geopolítica de obter um posicionamento político e comercial mais vantajoso para sua economia em crescimento. Na Europa, por exemplo, Paris Saint-Germain e Manchester City são frequentemente vistos como embaixadores dos países de seus proprietários, Catar e Emirados Árabes, respectivamente.

Início e expansão

O primeiro marco, entre o final dos anos 80 e o início dos anos 90, foi a transformação dos clubes europeus de futebol, de empresas sem fins lucrativos em empresas com fins lucrativos, o que permitiu aos proprietários distribuir dividendos pela primeira vez. Em meados dos anos 1990, com a popularização das assinaturas de TV paga, os clubes conseguiram registrar receitas recordes que dificilmente seriam alcançadas com o modelo de negócios anterior, baseado principalmente nas receitas de bilheteria. No início dos anos 2000, enquanto os negócios com a TV continuavam alcançando novos patamares, os clubes começaram a desenvolver novas estratégias comerciais globais e, assim, ganharam a capacidade de atingir audiências mundiais sem precedentes.

O próprio clube de futebol pode ser um negócio lucrativo, se o sucesso em campo for combinado com um gerenciamento estratégico e eficiente. Obviamente, a Europa e os clubes europeus das cinco grandes ligas de futebol do continente (Espanha, Itália, Alemanha, França e Portugal) apresentam os mercados mais atraentes para potenciais investidores e já são devidamente explorados.

Se pegamos o exemplo da Espanha; na última década, o mercado espanhol esteve mais movimentado do que nunca, com alguns grandes clubes mudando de proprietário. Graças também a um regulamento interno aplicado nos últimos anos, os clubes espanhóis tornaram-se mais sustentáveis e lucrativos, aumentando sua atração para investidores estrangeiros.

O maior negócio registrado na Espanha foi a compra do Espanyol pelo Grupo Rastar da China por 150 milhões de euros em 2015. O Granada foi comprado em 2016 pela Chinese Link International Sports Limited por 37 milhões de euros, enquanto o ex-jogador de futebol brasileiro Ronaldo, que também possui outros tipos de investimento no mundo dos esportes, incluindo e-sports e poker, adquiriu uma participação majoritária no Real Valladolid. Outros investimentos notáveis incluíram o grupo chinês Wanda comprando 20% do Atlético de Madrid por 45 milhões de euros (com ações já vendidas para a israelense Quantum Pacific) e o magnata de Cingapura Peter Lim comprando 70% do Valência por aproximadamente 94 milhões de euros.

O Brasil ainda engatinha quando comparamos com o resto do mundo. No entanto, os investidores estrangeiros também enxergam o esporte nacional como um veículo promissor para explorar o potencial de geração de receita. Apesar da retração da economia nacional recente, o momento é considerado bom para investimento estrangeiro, com uma tendência de crescimento, que oferece incentivo e pode aumentar o apelo do futebol, e também outras áreas esportivas onde os brasileiros vêm se destacando, para atrair negócios e inversão de dinheiro vindo do exterior.

Poucos clubes da primeira divisão estão em mãos estrangeiras no momento, com destaque para o caso de sucesso do Red Bull Bragantino. Diversas grandes equipes nacionais ainda pertencem a famílias locais ligadas ao futebol, uma razão adicional para o Brasil ainda ser visto como um mercado promissor e parcialmente inexplorado, especialmente para marcas estabelecidas na China, Europa ou nos EUA, que estão ligadas ao esporte e desejam entrar em novos mercados.